O Grupo Uirapuru
Orquestra de Barro


Iniciei minha pesquisa de construção de instrumentos musicais orgânicos, no início da década de 90. Experimentei uma série de materiais tendo um período me dedicado principalmente ao bambu e depois ao barro, por estabelecer moradia na Moita Redonda.

O povoado de Moita Redonda fica em Cascavel-CE possui cerca de 950 habitantes onde a principal fonte de renda é o trabalho com a cerâmica feito com técnicas ancestrais e repassado há muitas gerações, mantendo a tradição viva. O barro, em parte, é colhido no rio Mal Cozinhado, que passa pelo povoado, e o trabalho envolve toda a família em funções que vão desde a coleta da matéria prima, a modelagem e a queima em fornos à lenha.

Nesse ambiente pude unir meu conhecimento com os instrumentos musicais ao conhecimento ancestral do barro encontrado na Moita Redonda e em 2008 aprovei uma proposta na Funarte para criar o Grupo Uirapuru - Orquestra de Barro, onde junto com a pessoas do povoado, pudemos criar diversos instrumentos de corda, sopro e percussão, todos feitos de barro, e convidei os jovens para formação da orquestra. Um dos sentidos da proposta é envolver as novas gerações na tradição da cerâmica da qual vinham cada vez mais se distanciando e mostrar-lhes que com as ferramentas antigas, podemos fazer algo novo sem se desligar das nossas raízes. Na concepção dos espetáculos venho buscando novas percepções e olhares, criando com os instrumentos; sons, cores, movimentos, pensando em um futuro ligado à ancestralidade e que nos faça ver dentro de nós mesmos. Temos nesses anos feito viagens com essa jovem orquestra contado com o apoio de talentosos parceiros regentes/compositores e levado um pouco da Moita Redonda em nossas apresentações. palestras e oficinas.

MOITA REDONDA

Moita Redonda é um polo de produção de cerâmica que fica na zona rural do município de Cascavel no Ceará porém, para chegar lá é preciso saber o caminho, pois não há placas indicativas, também não tem água encanada. A cerâmica feita no povoado não tem origem festiva ou religiosa, nasceu da sobrevivência de ter um pote para guardar água e uma panela para cozinhar.

A arte ancestral do barro se manifesta na região por meio de peças cozidas e pintadas com a antiga técnica do toá, pigmento feito do próprio barro. Ainda hoje, o trabalho com esse material é a fonte de renda das mais de 80 famílias de seus quase 950 habitantes.

MATAQUIRI MUSEU

O museu surge com a proposta de unir a arte contemporânea com a arte ancestral, trazendo para o povoado novas linguagens e expressões artísticas. Sediado em uma casa de 1928 com salas para exposições, palestras e vivências. O museu se propõe a ser um espaço de residência artística possibilitando um aprofudamento das relações e troca de saberes.